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- Spoiler:
- Andyrium fez perguntas básicas sobre qual era a missão de Artúria, a quem ela respondia, quais eram os interesses daqueles a quem ela servia e coisas do gênero. Artúria deu respostas vagas e ela percebeu que o charr estava intencionalmente aceitando elas. Ela não sabia se o charr tinha uma agenda secreta que estava seguindo com objetivos que ela não conseguia ver ou se ele realmente tinha simpatizado com ela e estava facilitando para o lado dela.
Algumas horas depois um charr estranho veio falar com Andyrium sobre Artúria. De acordo com as informações que havia sido obtidas, ela não era uma espiã e por isso podia ser liberada. Andyrium acenou positivamente com a cabeça e voltou sua atenção para Artúria.
-”Bem, você está liberada. Pode empacotar suas coisas e seguir seu caminho.”, ele disse amistosamente, -”Novamente, eu agradeço a sua ajuda na luta do Quarry contra a Flame Legion. Você ajudou a salvar as vidas de vários charr e manteve o progresso da Black Citadel em seu rumo.”.
-”Acho que eu que tenho que agradecer por você me oferecer um lugar para ficar e ter garantindo que eu não fosse interrogada.”, Artúria respondeu com a voz tentando parecer indiferente.
-”Não se importe com isso.”, Andyrium se levantou e pegou uma sacola, que havia sido deixada ali previamente pelo outro charr que ela havia visto a pouco, -”Aqui estão alguns suprimentos para compensar pelos dias que você ficou presa aqui, Devem durar por pelo menos umas duas semanas.”.
Artúria recebeu a sacola e imediatamente a colocou junto de suas coisas.
-”Imagino que você vá para Divinity's Reach agora...”.
-”Essa era a ideia, mas ainda há coisas que preciso verificar antes de retornar.”.
-”Apenas como uma informação trivial, digo-lhe isto: Frostgourge Sound possui ligação com Fireheart Rise via terra, uma ligação antiga. O que significa que você pode trafegar entre os dois lugares sem muitos problemas. Talvez o que você esteja procurando pode estar por lá.”.
Artúria recebeu o conselho de bom grado, mas ela sentiu que ele era desnecessário. Ela já havia obtido o que queria, então não havia necessidade de ir até Fireheart Rise. Ela só precisava traduzir o que havia no livro e daí apresentar isso para seu superior. Andyrium saiu do local desejando boa sorte nas viagens de Artúria. Quando ela saiu alguns minutos mais tarde, ele já havia partido. Abrindo um mapa enquanto caminhava para o oeste, Artúria pensava na melhor rota para chegar Lion's Arch. Lá ela poderia alugar um quarto escondido em alguma pousada e efetivamente traduzir os textos.
Saindo no final da tarde de Diessa Plateau, ela continou seguindo oeste em Wayfarer's Foothills a caminho de Snowden Drifts. Quando estava perto da metade do caminho, um forte vento gélido começou a soprar, isso não a impediria de seguir em frente, mas com certeza iria atrasar seu progresso. Invés de se desgastar a toa, Artúria resolveu passar a noite em uma estrutura próxima que parecia ser um celeiro abandonado.
Ainda era consideravelmente cedo para dormir, então Artúria usou esse tempo para ler os escritos que ainda não havia traduzido. Usando a luz do lampião para iluminar o ambiente, ela observava as letras e as palavras, tentando achar algum significado além do que ela já decifrara.
Em uma jogada interessante, ela tentou fazer aquela situação que só acontece em livros, de colocar o papel contra a luz e então encontrar um significado escondido. Para sua surpresa e incredulidade, a chama revelou novas letras escondidas no papel. Ela tentou girar o papel de diversas formas, mas ela não reconheceu os símbolos. Eles pareciam bastante arcaicos e rústicos. Ela fez o mesmo teste com as páginas que já havia traduzido e reparou que todas elas tinham as letras estranhas gravadas.
Após uma inspeção mais cuidadosa, ela percebeu que havia uma folha mais fina dentro de cada página. A maneira que esses escritos haviam sido feitos era peculiar, pois foram usadas folhas normais para ocultar as folhas menores, que eram mais fina e mais claras. Uma forma de preservação? Improvável, de acordo com o raciocínio de Artúria, era mais certo que as folhas ocultas possuíam os pedaços seguintes de cada texto ou a continuação dos mesmos. Enquanto ela traduzia o constante sentimento de que algo estava estranho não saia da mente dela. As palavras eram deliberadamente escolhidas dentre as formas mais antigas de escrever e tinham diversos sinônimos que dependiam do contexto em que a palavra estava. Isso levava a variações de significado mesmo dentro do mesmo contexto.
A descoberta fez Artúria ficar perdida. Ela precisava agora traduzir mais um conjunto de letras que dessa vez não eram de conhecimento público. Já estava sendo difícil traduzir o textos normais por que eles diferiam só um pouco da língua comum, estas novas sentenças em um alfabeto estranho só aumentavam a dificuldade. Ela não era versada na arte das palavras de forma profunda, ela sabia o básico para ler, escrever e se fazer entender. O dom da poesia e do discurso nunca lhe fora atrativa e ela até tinha certo desdém por bardos e escribas, pois eles podiam ficar sentados o dia inteiro de pena nas mãos sem fazer algo significativo.
Em visto do que ela estava sofrendo, Artúria fora forçada a reconsiderar sua opinião dos artistas da pena consideravelmente. Sem muito mais a fazer, Artúria se pôs a dormir, ela pensaria em um plano no amanhecer.
- Spoiler:
- “Guerreiros e livros não cruzam caminhos”, esse pensamento havia sido enraizado nela durante sua jornada como guerreira. Em todas as ocasiões ela havia resolvido a situação através da força e apenas da força. Ela nunca precisou efetivamente ir atrás de uma resposta guardada em livros e tomos antigos. Na altura de toda a experiência que Artúria possuía essa ideia estava bem consolidada, mas acabara de ruir silenciosamente dentro dela. Ela precisava de uma biblioteca, e pior, de um dicionário. Era certeza que essa língua antiga estava documentada em algum lugar e traduzida aos miúdos, pois os escribas sempre se gabam de fazer as coisas até o último ponto final.
Para a sorte de Artúria, ela não precisaria voltar até Lion's Arch para conseguir sua biblioteca. Durante sua travessia por Lornar's Pass ela encontrou uma caravana que possuía um contador. Embora ele fosse mais amigo dos números do que das letras, esse profissional tinha de saber ler e entender a língua comum durante sua formação e também saber ler um pouco da língua antiga por mera questão de formação. A caravana estava indo para Hoelbrak para fazer suas vendas e obter novas mercadorias, Artúria ofereceu seus serviços como guarda costas da caravana em troca dos serviços do contador e alguns bens menores. Ela estaria andando para trás, mas era um preço singelo a ser pago. Naturalmente, Artúria não de acesso aos documentos originais para o contador, mas sim uma cópia que ela fizera nas últimas noites enquanto cruzava Snowden Drifts.
-”Isso não é um alfabeto único.”, o contador analisava, enquanto um pesado dicionário pendia em seu colo. Para sorte de Artúria, o contador tinha um livro antigo que listava de forma sucinta as línguas que já foram utilizadas para escrever recibos e contratos. “Há uma mistura de runas norns e aquele garrancho estranho dos charrs aqui. Também tem traços de letras sylvari e um ou outro símbolo asura. Quem codificou isso aqui certamente era alguém muito bem letrado e realmente não queria que isso fosse traduzido facilmente. Eu posso ter ajudar a traduzir as letras sylvari e asura, mas as runas norn e letras dos charr estão além de mim.”, o contador se curvou em auto depreciação, mas Artúria garantiu a ele que apenas isso já estava de muito bom tamanho.
Felizmente o contador não tinha absolutamente nada para fazer enquanto viajavam, então ele dedicou todo o seu tempo a traduzir as notas. Enquanto isso, Artúria conversava com os outros integrantes da caravana e mantinha qualquer bandido idiota o suficiente afastado com apenas um brilho de sua lâmina.
Cerca de três dias depois, a caravana estava em Wayfarer Foothills na estrada a caminho próxima a Hoelbrak. A viagem havia sido relativamente tranquila graças ao aço de Artúria. Haviam rumores de que um grupo relativamente bem armado estava fazendo a vidas das caravanas mercantes miserável. Dito isso, Artúria não deu importância para tal. Um bando de bandidos não era inimigos para um soldado tão bem treinado quanto ela. Infelizmente esse tipo de arrogância era comum dentre os veteranos e embora sua dose em Artúria fosse pequena, ainda era algo que podia arquitetar um descuido seu. E infelizmente isso aconteceu bem antes do previsto.
Perto da entrada de Hoelbrak a caravana foi cercada por um grupo de humanos e norns. De fato eles estavam mais bem equipados que o típico ladrão de estrada, mas Artúria ainda tinha a vantagem da experiência. Ela já havia lutado contra coisas maiores e mais terríveis que aquele grupo e não seria agora que ela iria cair. Investindo enquanto gritava na direção de três inimigos ela conseguiu chamar a atenção do grupo para si. Aqueles tolos sabiam o mínimo de combate armado para não cair em investidas falsas e não morrer com apenas um golpe mais forte da poderosa espada de Artúria, se movendo com destreza e habilidade, Artúria circulou seus primeiros adversários e os sobrepujou com golpes rápidos e bem posicionados.
Utilizando um quarto de rotação com a espada ela foi capaz de desequilibrar as defesas do adversários, seguindo com um salto e uma execução no oponente mais próximo. Sem perder o ímpeto ela acelerou e desferiu um golpe diagonal no peito do humano mais próximo, fazendo sangrar com um corte profundo. Sua armadura podia ser boa, mas Artúria era poderosa. O terceiro inimigo, um norn, já havia recuperado seu equilíbrio quando Artúria chegou a ele, mas um golpe com parte chata da espada nas costas de seu joelho o fizeram um presa para uma decapitação.
Os demais inimigos entraram em pânico e fizeram fila para atacar Artúria. Ela correu na direção deles, aparando e contra atacando seus golpes matando um a um. A calma gélida e precisão fatal que ela possuía eram resultado de já ter avistado horrores que faziam o espírito do homem quebrar e sua coragem faltar. Ela havia superado isso previamente. Com um movimento rápido ela removeu o sangue da espada e guardou na bainha. Quando a base tocou a boca da bainha o último inimigo ainda estava caindo no chão. Todos os golpes haviam sido fatais e profundos, não iria haver sobreviventes. Dito isso, Artúria percebeu que fora atingida uma vez no braço esquerdo, que agora sangrava.
Um dos membros da caravana cuidou dela e fez um curativo rápido para estancar o sangramento. Ela iria procurar uma pousada para cuidar melhor disso, ela não queria que a ferida infeccionasse. Artúria se despediu da caravana após entrar em Hoelbrak e seguiu para uma pousada para averiguar o sucesso que o contador havia conseguir produzir. Ela estava cercada de norn por todo o lado, provavelmente algum dele poderia ajuda-la a traduzir as runas que ainda faltavam.
Mas agora ela tinha prioridades mais importantes, uma refeição quente e uma bebida gelada lhe fariam um bem muito grande.
- Spoiler:
- Os Norn eram um povo que podia ser definido em uma palavra: resistentes. Suas terras atacadas pelo dragão Jormag, o frio sendo uma constante e feras selvagens andado por todos os lados. Sem mencionar que as terras dos norn não podiam ser chamadas de férteis. As terras do charr tinham um constante cheiro de sangue, mas as terras dos norn tinham um ar desolado. Era como se a vida aqui fosse uma luta diária, embora os norn não aparentassem isso.
Toda a parte coberta de gelo de Tyria podia ser interpretada como território norn pelo simples fato que eles eram a única raça disposta a viver em tais condições. Artúria sentia isso na pele. Ela estava em Hoelbrak fazia apenas dois dias e ela já sentia uma vontade imensa de sair de lá. Frostgorge Sound era gélida e fria, mas alguma coisa naquele lugar era o tornava suportável. Ou talvez o zelo pela missão fizera Artúria enxergar o o lugar assim.
O mesmo não podia ser dito da capital norn no entanto.
Talvez por estar sem um foco claro, Artúria sentia o frio mais presente e óbvio do que deveria, mesmo lutando para se manter aquecida. Ela ainda não havia encontrado alguém para ajudar na tradução das runas. Mesmo perguntando para o taberneiro, ela havia sido informada que apenas os mais antigos teriam capacidade de ajuda-la, mas atualmente era difícil encontrar um desses em Hoelbrak. Ela não havia recebido uma explicação do por que, e essa fora a resposta dada por dois dias seguidos.
Como uma alternativa, Artúria tentou ir atrás de algum livro que pudesse servir como um dicionário. Para sua tristeza e falta de sorte, nenhum pode ser achado. Os norn passam suas tradições adiante através de skaalds, ou seja, através de contadores de história. Aparentemente os grandes norn não eram muito fãs de escrita e isso significava uma coisa: dificuldade de entender suas runas. Se eles usavam pouca coisa escrita isso significa que o pouco que realmente foi escrito deveria ter um grande significado. Pensando a respeito, talvez isso fosse uma oportunidade. Ponderando sob a lareira da taverna no dia seguinte, Artúria pensou na solução mais plausível: encontrar um skaald e tentar aprender dele alguma coisa. Era uma esperança tola, mas talvez produzisse resultado. Assim sendo, Artúria mudou a pergunta ao taberneiro. Invés de procurar um ancião norn, ela iria procurar um skaald. A resposta veio rápida: fora de Hoelbrak, para o sul, em Dredgehaunt Cliffs vivia um recluso skaald. Sem perder tempo, Artúria renovou suas provisões e seguiu para o sul, que infelizmente era tão frio quanto o norte. Ela iria conseguir alguma coisa do skaald, ela tinha certeza.
Mais tarde naquele dia, ela estava na divisa entre Heolbrak e Dredgehaunt Cliffs quando avistou um grupo de guerreiros mais bem armado do que se esperaria de um bando de ladrões de estrada. Artúria jogou o gorro do manto por cima da cabeça e andou ligeiramente inclinada para que seu rosto ficasse coberto pela sombra. Ela não queria arranjar problemas quando ainda estava perto da cidade. Ao cruzar com o grupo, Artúria continuou andando mas percebeu que olhares afiados haviam sido direcionais a ela mas não houve nenhuma ação. Sua intuição lhe avisava que aquele grupo era perigoso. Provavelmente eles eram aventureiros ou mercenários, mas ele eles tinham bagagem e aparente experiência de combate.
Continuando sua jornada, Artúria adentrou Dredgehaunt Cliffs e começou a explorar as colinas gélidas. Partindo de sua posição, ela provavelmente chegaria até a localização do skaald em dois dias de viagem se mantivesse o ritmo. Felizmente boa parte da viagem seria pela estrada aberta pelo viajantes, mas aquele grupo de antes a fez considerar ir por fora da estrada. Havia algo que estava muito errado, mas ela não sabia dizer o que era.
- Spoiler:
- As montanhas tem um clima binário. Ou está frio ou muito frio. Mesmo no dia mais quente do verão ainda é necessário sair coberto com peles ou outras roupas para manter o corpo aquecido. Quando Artúria saiu de Hoelbrak o céu estava limpo, o que significa apenas lidar com o frio normal.
O problema é que depois de um dia andando em Dredgehaunt Cliffs o clima mudou e o céu escureceu e uma tempestade começou a soprar vindo do sul. Artúria praguejou pois seu progresso agora estava muito limitado.
A força dos ventos era inconstante, então de tempos em tempos ela podia avançar sem risco de morrer de hipotermia. Visto que optara por andar longe da estrada, Artúria se refugiara em cavernas próximas ou atrás de colinas mais elevadas que bloqueavam o vento. Nem tudo era tão ruim afinal, a tempestade e a ventania fazia a maioria dos animais se recolher em suas tocas e nenhum ser inteligente iria tentar algo debaixo desse clima ruim. Dada a frequência em que a neve caia, a capa de Artúria já havia se tornado completamente branca e agora até podia servir de camuflagem.
Após algumas horas andando, Artúria notou que a tempestade havia parado e agora só o tradicional vento gélido soprava. Olhando o céu, ela podia ver as estrelas e a lua. Tentando julgar a hora, ela presumiu que provavelmente seria algo em torno das duas horas da manhã. Normalmente ela estaria dormindo, mas visto que o progresso durante o dia foi insignificante, andar durante a noite para recobrar o tempo perdido não era má ideia.
Para complementar a noite, Artúria se deparou com uma aurora. O brilho multicolorido preencheu o céu iluminou o caminho que Artúria estava trilhando. Sentindo-se motivada, ela apertou o passo e cruzou as colinas gélidas até chegar a uma tundra em que podia chegar bem longe. Tirando o mapa com a marcação de onde seria a residência do skaald, ela se aproximou mais da montanha e seguiu até chegar a um pequeno estreito que passava pelas costas de uma colina. Em uma das elevações da colina, no fim do estreito e com uma rampa tímida, havia uma caverna iluminada e que era possível ver uma curta coluna de fumaça subindo.
Já era muito tarde, então Artúria resolveu se aproximar para pedir um lugar para passar a noite, apesar de sua intuição dizer que aquele era o lugar correto. Ao se aproximar da entrada, Artúria ouviu uma voz rouca dizendo lhe para entrar. Ainda um pouco receosa, ela entrou na caverna e se deparou com um norn velho de cabelos mal cuidados e roupas esfarrapadas.
-”A aurora me disse que você viria. O corvo me preparou para a sua chegada. Você veio atrás do conhecimento para ler as runas para desvendar seu passado.”, o norn falou sem sequer olhar para ela. O olhar frio do norn permanecia na fogueira no centro da caverna.”
-”Eu já vi os resto de meus pais. Não tenho a aprender com meu passado.”, Artúria tentou ser evasiva, mas aquela linha havia mexido com ela.
-”O passado que você quer não é o passado de seus progenitores, mas sim daqueles que estavam sob a montanha forjando armas secretas.”. Artúria não conseguiu esconder o espanto, por sorte o norn não estava olhando para ela.
-”Venha, sente-se perto do fogo. Por hoje já está tarde e você está cansada, amanhã iremos conversar sobre as suas runas.”. Artúria aceitou o convite e se sentou perto do fogo. Ela tirou um pouco de comida de seu alforje e ofereceu ao skaald, mas ele recusou e apontou para um pequena e crua panela que jazia perto do fogo. Um ensopado estava fervendo ali.
-”Não sei se você está acostumada a comer carne de coelho da montanha, mas é o que posso lhe oferecer. Não iremos conversar sobre suas runas agora, mas se quiser falar sobre qualquer outra coisa...”. Artúria fez menção de aceitar o ensopado. Ela só tinha pão, queijo e carne salgada, então qualquer coisa mais bem temperada seria uma bênção.
-”Skaalds são reverenciados na sua cultura não? Por que vive tão maltrapilho e tão longe?”.
-”Eu vivo em comunhão com os espíritos minha jovem. Aqui no seio da montanha eu ouço o corvo, o lobo, o urso e todos os outros espíritos ancestrais. Eles me contam sobre as coisas que já passaram, que estão passando e que ainda estão para passar. Eu já estou velho demais para contar histórias e canções de heróis norns. Eu ouço os espíritos e ofereço meu conselho quando solicitado. Esse é o meu caminho.”, o norn fez uma pausa grave enquanto mexia no ensopado, -”E você minha jovem? Por que veio atrás dos segredos que foram guardados dentro da montanha?”.
-”Já ouviu de Zhaitan?”, Artúria começou, o skaald acenou que sim com a cabeça, -”Durante a incursão daquele monstro, muitas vidas foram perdidas e um terro nunca antes visto pela nossa geração nos assolou. Se o Pacto não tivesse sido formado, nós todos seriamos mortos-vivos a essa hora. Parte de mim acredita que se tivéssemos armas melhores e mais eficientes, nós teríamos evitado uma tragédia ”que consumiu muitas vidas.”.
-”Zhaitan foi fera terrível não duvido, mas ele caiu não? Mortes sempre vão ocorrer quando uma batalha dessas acontece. Você está sendo muito arrogante em achar que se tivesse uma arma melhor seria capaz de fazer o dragão cair sozinha. O que está escrito nestas folhas que você trouxe não iria mudar o resultado. Alias, o que está escrito aqui já foi visto por você. O conhecimento que aqui está presente deu origem as técnicas usadas para criar as munições que derrubaram a fera.”.
Artúria não pode deixar de se surpreender com os fatos que lhe eram apresentados.
- Spoiler:
- -”Então quer dizer que o está escrito ai já foi decifrado e usado?”, o pesar era perceptível na voz de Artúria. O fantasma que ela estava perseguindo a fez dar voltas inutilmente.
-”Você tem um costume muito errado de pular direto para conclusões precipitadas menina.”, o skaald tinha um tom de voz irritado -”Eu disse que o conhecimento dentro destes pergaminhos deu origem as técnicas usadas para criar o armamento contra os dragões anciões. Este aqui é o original e não a versão especializada, entende?”.
Foram necessários alguns minutos de silêncio para que a informação finalmente fizesse sentido na cabeça de Artúria. -”Mas então como eles não sabiam destas técnicas originais?”.
-”Isso eu não sei, você esteve lá, você tem mais informações nisso do que eu.”, o skaald não estava mais irritado, mas estava claramente sendo rabugento.
Artúria ponderou por um momento. Puxando da memória, ela claramente havia visto diversos ferreiros de diversas raças juntando seu conhecimento para forjar o armamento que seria usado contra Zhaitan. Mas talvez houvesse uma diferença... Talvez fosse algo semelhante a uma produção em linha em que cada parte era montada e depois passada a frente ou talvez algo mais diferente ainda. O fato é que foi necessário conhecimento de várias pessoas com um objetivo real.
-”A diferença aqui é que as técnicas são para o desenvolvimento de armas apenas pelo puro desenvolvimento, e não especializadas. Além disso há conhecimento de todas as culturas para ser assimilado e integrado por uma pessoa só, invés de precisar de vários especialistas.”.
O skaald acenou positivamente com a cabeça -”Correto. Por isso este conhecimento é poderoso e perigoso. É uma espada de dois gumes eu diria. Os esquemas de armas aqui contidos possuem um poder não só capaz de fazer frente aos dragões, mas a outros mortais também. Você deve pensar nas mãos de quem você vai entregar este poder. Mas acredito que isso deva ficar para outro dia, pois nós precisamos de descanso por hoje. Há muito a ser feito amanhã.”.
-”Você vai me ajudar mesmo sabendo do perigo que esse conhecimento pode trazer?”.
-”O conhecimento não é mal ou ruim por si só, é como você o usa. É possível que as armas nascidas do conhecimento destes pergaminhos façam os outros dragões anciões cair mais rapidamente. Pode ser que estas armas tragam uma paz duradoura a Tyria. Assim como elas podem trazer uma guerra terrível, mas eu prefiro esperar pelo futuro positivo invés de me desgastar pensando no futuro negativo.”.
No dia seguinte, Artúria acordou e surpreendeu-se ao ver o skaald já preparando uma refeição com uma presa que acabara de abater. A surpresa vinha do fato dele conseguir sair, caçar, voltar, acender o fogo e cozinhar sem acorda-la. Ela tinha certeza de que estava alerta durante o sono e que não pega fora desprevenida.
-”Viver dentre os animais selvagens te força a aprender a ser discreto o suficiente para passar desapercebido pela mais vigilante das presas e predadores. Especialmente quando se tem a chance de um urso entrar na sua caverna por engano e tentar te devorar. E não, eu não sei ler mentes, a questão é que sua expressão trai muito bem o que suas emoções querem dizer.”.
Após o breve desjejum, ambos se jogaram ao trabalho de traduzir as runas. Artúria observava enquanto o skaald explicava o que cada runa significava e como cada reta ou curva tinha um significado diferente.
-”Essas runas tem algo semelhante ao que fora escrito pelos jotuns e pelos anões não?”, Artúria perguntou enquanto organizava as traduções e escrevia em língua comum os significados.
-”Sim. Os jotuns podem ser vistos como os antepassados dos norns e os anões tiveram contato com eles antes do Ritual do Grande Anão, então é bem plausível pensar que a cultura dos dois e a escrita tenha sido influenciada.”.
-”Apesar de que a escrita dos anões é de bem mais fácil tradução do que a escrita jotun, nesse sentido... Olhando aqui e juntando os pedaços já traduzidos, o que está escrito aqui não parece fazer muito sentido...”.
-”Deixe me ver...”, o skaald se aproximou e começou a ler por cima do ombro de Artúria -”Quem foi que fez isso claramente se deu ao trabalho de codificar de tal forma que as partes individuais não façam sentido a menos que se montem e formem o todo. Você vai precisar de um charr para o resto. Felizmente para você, eu ouvi falar que todos o número de charr que sabem ler sua escrita mais antiga não é pequeno.”
Artúria se sentiu um pouco desencorajada, visto que provavelmente teria de voltar a terra dos charr. Mas decidiu não se preocupar com isso até chegar o momento e continuou seu esforço na tradução. Cerca de cinco horas depois, a tradução estava feita e Artúria organizava os documentos em seu alforje. O skaald mexia o fogo com certo vigor que parecia estranho.
-”Parece que mais alguém está vindo para cá.”, o skaald murmurou baixo, mas o suficiente para Artúria ouvir -”Será melhor você se apressar minha jovem, aparentemente estão atrás de você.”.
-”Eu posso lutar e acabar com esse problema aqui.”.
O skaald acenou negativamente -”Não. Você tem coisas mais importantes as fazer. Além disso, você não deve desviar seu curso. Os espíritos me dizem que dificuldades a aguardam, será melhor você não desperdiçar forças aqui. Vá e siga para a terra das feras, você encontrará ajuda la.”.
-”Mas e você?”.
-”Eu tenho um machado aqui que ainda deve ter corte o suficiente para partir um crânio ou dois. Agora vá!”.
- Spoiler:
- O clima não estava sendo favorável a busca de Artúria. Após sair da caverna do skaald, uma tempestade de neve começou a soprar, forçando-a a reduzir o passo. Os ventos gélidos lhe pareciam cortar os ossos, tal qual a sua intensidade. A visibilidade era essencialmente nula, mas como as tundras gélidas eram essencialmente planas, Artúria só precisava focar em andar em linha reta.
Ou pelo menos foi o que ela pensou, após um tempo que pareceu ser uma eternidade, os pés de Artúria afundaram na neve e ela caiu morro abaixo até finalmente parar no subsolo. Ela sabia que estava no subsolo por que não sentia mais o vento soprando e a temperatura havia aumentado um pouco também, além da óbvia escuridão.
Artúria puxou o lampião do alforje e deu graças aos Seis por ele ainda estar usável. Fazer ele acender foi um pouco problemático pela dificuldade em fazer uma faísca inicial, mas nada que um pouco de criatividade humana não resolvesse. Usando uma pedra afiar e uma pedra normal, após algumas raspadas ela conseguiu produzir uma faísca para acender o lampião.
Ao observar em volta, Artúria percebeu que sua sorte de fato não era das melhores. Ela havia caído em um túnel dredge. Caído é o termo incorreto, o teto essencialmente desabou sobre o chão, usando a infeliz Artúria como o peso que faltava para desmoronar. Felizmente ela não estava mais debaixo da nevasca, mas agora ela tinha de achar uma saída, voltar a superfície e tentar alcançar Hoelbrak.
Abandonando qualquer esperança de passar sem ser percebida, ela sacou sua espada de uma mão e presseguiu alerta. Até o fim do percurso ela provavelmente iria lutar com algum dredge. Não demorou muito para Artúria encontrar com uma patrulha que veio verificar a causa do som que eles haviam ouvido. Os dredges eram praticamente cegos, mas tinham uma audição muito bem desenvolvida. O fato de Artúria andar por ai em armadura completa não ajudava também. Ela era essencialmente um sino móvel que badalava a cada passo tomado.
A primeira patrulha era apenas um grupo de mineiros que veio ver o que houve, então ela não teve trabalho em despacha-los. Após alguns minutos, uma patrulha de soldados topou com ela e ai sim a batalha foi mais complicada. Além de estar com uma das mãos ocupadas, a visibilidade era péssima. Artúria só conseguia ver até onde a luz alcançava, e nesse lugar não era muito. Uma luta que seria facilmente vencida em uma situação normal era um feito quase heroico nessas condições.
Artúria passou a confiar mais em seus outros instintos e menos em sua visão. Após tanto tempo lutando, ela havia desenvolvido uma espécie de “sexto sentido” ou uma intuição por assim dizer. A partir de uma determinada distância, ela conseguia sentir de forma bem fraca o que estava por perto e alguns movimentos mais bruscos. Isso não queria dizer que ela não precisa mais do lampião. Ela ainda precisa saber onde estava pisando e que caminho estava tomando. No subsolo as orientações de norte-sul não serviam de nada, então Artúria estava se movendo essencialmente guiada por sua intuição. Até agora ela havia encontrado apenas patrulhas esporádicas que estavam estacionadas nas bordas dos territórios dredge.
Após mais algum tempo, ela estranhou o desaparecimento das patrulhas. O curso lógico seria o aumento das patrulhas, afinal, ela fazia barulho quando andava e as patrulhas anteriores não haviam retornado. Qualquer responsável com um mínimo de bom senso iria mandar mais soldados para descobrir o que se aproximava.
O silêncio fez a mente de Artúria sair do modo de combate e voltar ao modo racional. Se a essa altura nenhuma outra patrulha ou grupo armado veio atrás dela, é por que eles simplesmente não tinham mais soldados para ir atrás dela. As razões para isso poderiam ser diversas, mas ela resolveu não ser ingrata com a bênção inesperada e continuou seguindo em frente. Artúria sentiu uma corrente de ar mais forte e resolveu segui-la. O pior que poderia acontecer era ela achar uma saída para a superfície bem guardada.
Infelizmente o que ela achou foi bem pior. O que estava a sua frente era um campo de batalha entre dredge e norns. Mas havia alguma coisa diferente nestes norns... Eles pareciam perturbados de alguma forma. A batalha se dava com os norns tentando entrar nas cavernas dos dredge e os mesmos lutando para impedi-los. Artúria começou a ponderar suas opções. Ela podia se afastar e tentar seguir por algum outro caminho ou se aventurar pelo caos do campo de batalha e abrir caminho a força.
O senso de urgência na cabeça de Artúria mandava ela abrir caminho na base do aço, mas o senso de auto-preservação a mandava ir pelo caminho mais longo. Com os norns ali, os dredge não iriam estar patrulhando os túneis, o que significava que ela era livre para explorar até achar uma outra saída. Enquanto analisava, a escolha foi tomada das mãos de Artúria. Uma flecha norn passou zunindo por ela e alertou tantos os defensores quanto os atacantes da presença dela. Imediatamente ela foi atacada pelos dois lados.
Não tendo mais opções, Artúria simplesmente guardou a razão no fundo de sua mente e deixou a febre do campo de batalha preencher seus pensamentos.
- Spoiler:
- A luminosidade vinda da abertura da caverna tornava o lampião desnecessário, graças a isso Artúria pode empunhar sua espada de duas mãos. Não havia necessidade de combater defensivamente, estando cercada de inimigos o único caminho era seguir em frente cortando qualquer um que fosse corajoso o suficiente para lutar com ela.
O primeiro foi um norn. Brandindo seu pesado machado gélido verticalmente. O golpe foi aparado usando o corpo da espada e fazendo a lâmina do machado escorregar para o chão. Usando a fluidez do movimento, Artúria traçou um arco diagonal no peito do norn, cortando sua armadura com força e graça. Ele já estava morto quando atingiu o chão.
Artúria era mestra no combate usando espadas. Inimigos agindo de forma bestial jamais seriam páreo para técnica e força que ela havia dominado ao longo dos anos. O próximo foi um par de dredges. Suas pequenas armas se despedaçaram ao receber o impacto da pesada espada de duas mãos. A lâmina partiu seus crânios junto de seus elmos. Com um gracioso movimento lateral, Artúria fez o sangue voar de sua lâmina e tingir a neve. Ainda havia muito mais por vir.
Ela disparou na direção da entrada da caverna. Usando a espada como um pilar ela se protegeu das flechas norn e enquanto os arqueiro recarregavam, ela se lançou contra eles. Ela intencionalmente mirou sua aterrissagem no peito de um norn, antes que o mesma pudesse levantar, Artúria chutou seu queixo, efetivamente quebrando o pescoço. Com uma investida rápida ela atravessou a lâmina no abdômen de outro arqueiro e o usou como escudo para os disparos que se seguiram. Puxando a espada e jogando o cadáver para cima dos outros, ela fez os norns ficarem dispersos e com isso os cortou um a um, com precisão e calma. Ela podia estar tomada pela febre do campo de batalha, mas isso apenas fazia seus movimentos mais frios e precisos.
Após lidar com os arqueiros, Artúria viu que a saída estava próxima e correu na direção da mesma. Sua chegada a superfície foi um pesado golpe de martelo mirado em sua cabeça, mas que foi prontamente defendido utilizando a base da lamina. O impacto foi forte e fez Artúria recuar alguns metros, mas isso não iria a impedir.
Este novo inimigo trajava uma armadura completa. Seu estandarte era diferente de tudo que ela já tinha visto até agora em terras norns. Ele rugiu e correu na direção de Artúria. Seria tolice ir de frente contra um adversário maior, mais pesado e ainda por cima com ímpeto e velocidade, por isso ela esperou. Artúria firmou os pés e entrou em guarda, ela iria fazer a maior vantagem do norn ser sua desvantagem.
O golpe de martelo veio verticalmente como esperado. Artúria abaixou e se jogou contra o norn, com a espada mirando o meio do peitoral. Como o martelo acertou apenas o ar, o norn perdeu o equilíbrio e caiu na direção de Artúria, onde sua espada estava esperando. O resultado foi que a espada atravessou a armadura do norn graças ao peso e velocidade do mesmo. A ponta da espada saiu nas costas do infeliz e o sangue quente pingou por cima de Artúria, que teve um pouco de dificuldade em tirar o pesado cadáver de cima dela.
Olhando em volta após finalmente sair da caverna e não ter que se preocupar com ataques, Artúria percebeu que estava bem ao sudoeste de Hoelbrak. Isso era bom pois ela sabia para onde ir, mas também é problemático pois ela havia visto estandartes semelhantes ao que estavam no campo em que ela estava espalhados pela tundra. Seria um luta difícil passar por todos eles, por isso um plano de ação era necessário.
O primeiro passo era saber quem eram esses norns. Eles eram diferentes dos demais, eles pareciam ter alguma coisa perturbando-os. Os olhos do último norn que ela matou eram claramente os olhos daqueles que haviam caído na insanidade. Infelizmente Artúria não era tão versada na cultura dos norns para saber o que poderia causar tal transformação, mas ela tinha uma intuição de que isso provavelmente tinha alguma relação com Jormag, o dragão ancião que havia despertado no norte.
Ela tentou procurar por algum documento ou qualquer coisa que servisse para discernir a identidade destes norns, mas nada foi encontrado. Invés disso, ela resolveu pegar o estandarte e leva-lo consigo. No tecido preto havia um dragão azul pintado. Dragões não são uma boa coisa em Tyria, e ter um dragão em um estandarte certamente não advogava em favor desses norns.
A nevasca havia parado e a visão era boa. Artúria julgou que provavelmente outros norns iriam vir a este acampamento para lutar contra os dredges, então para evitar contato ela decidiu seguir por fora da estrada, usando qualquer cobertura que encontrasse para ficar fora de vista. Era possível que nos outros acampamentos houvessem buracos cavados pelos norns para lutar contra os dredges, por isso o melhor curso de ação seria justamente evitá-los.
Enquanto cruzava as terras brancas, Artúria emboscou um grupo composto de três norns que estavam vigiando uma estrada relativamente livre de obstáculos que dava na estrada principal para Hoelbrak.
O primeiro norn foi decapitado ainda de costas e morreu sem saber o que o matou. O segundo teve alguns ossos do rosto quebrados quando o pomo da espada de Artúria atingiu seu rosto. Enquanto o segundo ainda estava no chão, ela saltou na direção do terço, que tentou arremessar um pequeno machado contra ela. O machado foi rebatido e caiu sem som na neve, enquanto seu atirador teve o crânio partido em dois. Artúria pegou o machado do chão e o arremessou no peito do outro norn que agora se levantava e estava com uma das mãos no rosto. Ele caiu uma segunda vez, e desta vez não se levantaria mais.
A estrada para Hoelbrak estava livre, e Artúria correu por ela, deixando os cadáveres manchando a neve de vermelho.
- Spoiler:
- Após chegar em Hoelbrak, Artúria seguiu direto para a estalagem onde pode re-organizar suas coisas e obter informações. Desde que chegou a Hoelbrak ela vinha sentindo um pouco de dor nos braços e nas costas. Uma inspeção após um banho revelou ferimentos leves. Aparentemente a armadura e arma não foram capazes de absorver todo o impacto das lutas recentes e um pouco acabou afetando o corpo dela.
Após inspecionar sua preciosa espada de duas mãos, ela viu que a lamina estava começando a ter falhas e alguns pedaços do metal estava trincados. A base estava com uma pequena trinca começando na lamina, mas ainda muito pequena para ser perigosa. De qualquer forma, isso indicava que a vida útil dessa espada estava chegando ao fim. Desde que à havia forjado, Artúria havia confiado sua vida a essa espada e ela havia respondido em sangue. Havia um valor sentimental nessa arma que tornava a tomada da decisão racional mais difícil. As espadas de uma mão tinham vida mais curta então não havia tanto drama, mas armas mais resistentes duram mais tempo, e o apego era inevitável. Talvez fosse o lado feminino mais sentimental dela falando. Por um momento ela pensou em como isso tudo era besteira.
A concentração de Artúria foi quebrada quando ela ouviu alguém no corredor do lado de fora. Certamente haviam outros quartos naquele corredor, mas uma coisa havia chamado a atenção de Artúria: os passos eram pesados demais. Eram passos de alguém muito grande e que provavelmente estava vestindo armadura de combate.
Os instintos fizeram o corpo ficar tenso, preparado para batalha. Ela estava sem armadura e a única arma em sua mão era a espada de duas mãos. Mas usar tal arma sem a luva iria certamente ter sequelas. A espada curta sob a cama, à dois passos dali. Os passos pararam em frente a porta. Um segundo depois duas batidas fracas.
-”Por gentileza, a senhorita Artúria?”, a voz rouca soou do outro da lado da porta.
Isso deixou Artúria surpresa, mas ela não baixou a guarda. Andando de leve ela seguiu na direção da cama para pegar a espada leve.
-”Quem é?”, ela respondeu com um tom indiferente.
-”Eu sigo pelo nome de Fyon, o Espectro. Faço parte do bando de Andyrium.”
A surpresa tomou conta do rosto de Artúria. Isso definitivamente não estava dentro do planejado.
-”O que você quer?”, o tom defensivo na voz de Artúria era evidente.
-”Se importa em me deixar entrar? O assunto pode ser apenas de interesse seu e não estaria nas suas melhores intenções deixar outros escutarem isso.”
-”Muito bem então, pode entrar.”, essa demora toda foi um pouco de drama por parte de Artúria, pois ela queria estar com a espada em mãos e perto o suficiente da janela para caso fosse necessário.
O charr entrou momentos depois, coberto dos pés a cabeça por um manto que escondia suas feições. Ao fechar a porta do quarto, Fyon removeu o capuz e deixou seu rosto a mostra. Artúria percebeu que se trava de um charr velho, marcado por cicatrizes e pelo tempo.
-”Não irei tomar muito do seu tempo jovem. Estou aqui a mando do meu legionário e seu conhecido Andyrium. Problemas tem aparecido desde de sua última passagem pelas nossas terras.”, o tom polido dele era bem semelhante ao do próprio Andyrium.
-”E por que eu deveria me interessar por problemas dos charr?”, Artúria decidira ser ácida. Ela não queria se envolver com os charrs antes de estar pronta.
-”Normalmente, você não deveria e nós não gostaríamos disso, mas a situação exige. Após sua partida, novos grupos trajando um emblema falso da Lion's Arch espreitaram o território perto da Cidadela em busca de algo. Dado a maneira que fizeram, eles foram retalhados, mas visto que a informação batia com coisa que você havia nos dito, Andyrium foi chamado pelo Tribune Rytlock Brimstone para explicar sobre isso. Não estou a par da conversa, mas o tribune deu a ordem para encontrá-la e trazê-la para cidadela para melhor entender a situação”.
Artúria xingou em pensamento. Isso era tudo que ela não queria. Ela devia manter sua missão em segredo acima de tudo. Além disso, lidar com os charr era exaustivo.
-”Apenas um complemento, atualmente você está sendo caçada por um grupo bem persistente de humanos. Eles estarão na cidade dentro de uma hora. O que você decidir, é melhor que seja rápido.”
-”Você não está aqui para me levar a força?”, a perplexidade era óbvia.
-”Não. Andyrium disse que seria melhor se você viesse por conta própria e que, provavelmente, uma luta entre nós não seria o melhor resultado.
Entretanto, se você não vier comigo, terá de lidar com dois grupos lhe seguindo. E deve dizer que em termos de seguir alguém, o nosso bando já tem uma boa história.”, o comentário saiu com um ar cômico, especialmente considerando a voz rouca do charr.
Artúria organizou seus pensamentos de forma rápida. Os charr dificilmente iriam machuca-la por hora. E ela ganharia uma escolta, tempo e até quem sabe alguém para lhe ajudar a traduzir a parte final dos documentos. O problema é que, uma vez dentro da cidadela, ela não teria chance de fuga. Mas vendo por esse lado, os charr também não iriam gostar de ver outro grupo entrando em seu território, então ela teria tempo para pensar em algo.
-”Muito bem então, eu vou com você.”, ela respondeu em um tom firme.
-”Fico grato por isso.”, o charr foi até o batente da porta. -”Estarei lhe aguardando na frente da estalagem.”- e com isso ele recolocou o capuz e saiu.
- Spoiler:
- Artúria organizou suas coisas o melhor que pode e foi para o andar térreo da taverna. Ela pagou pela hospedagem e saiu. Ao olhar em volta, não foi difícil achar Fyon parado perto de algumas árvores. A capa cobrindo o corpo todo faziam ele chamar atenção da pior maneira possível, mas isso era esperado. A postura do charr quando estava de pé era um pouco arcada e ele era tão alto quanto um norn, então era bem óbvio para quem olhasse que aquilo era um charr.
Ao se juntar a Fyon, Artúria olhou para ele esperando alguma direção. O charr abaixou um pouco e murmurou perto do ouvido dela:
-”Seus perseguidores te alcançaram. Eles estão em cerca de dez, e nos cercaram. Aparentemente estão esperando alguma ação sua.”.
-”Onde Andyrium está? Se ele estiver perto nós podemos deixá-los para trás.”.
-”Não será necessário. Nós vamos abrir caminho a força.”.
-”Por que!? Isso mata o propósito de usar disfarce e andar sorrateiramente!”.
-”Nós nunca estivemos disfarçados. A ideia toda é manter as pessoas que não precisam se envolver longe. Além disso, se matarmos esse grupo, o próximo vai ter de remontar as pistas e nesse meio tempo a trilha já estará fria.”.
Artúria achava a lógica do charr aspera e sem requinte, mas ela admitia que havia crédito nela. Os dois começaram a correr para o leste, na direção de Wayfarer Foothills. Reagindo a disparada dos dois, dez indivíduos começaram a perseguir.
-”Eles não estavam cobrindo o leste... Isso significa que uma armadilha nos aguarda.”, Artúria comentou, claramente incomodada.
-”Sua intuição lhe faz justiça. É exatamente isso. Nós estamos intencionalmente indo na armadilha deles.”
-”Algum motivo em particular?”
-”Eu pedi para a companheira que veio comigo cuidar daquela saída. Provavelmente teremos de lidar com as sobras... Mas apenas isso.”.
Após meia hora de corrida, eles estavam na entrada de Wayfarer Foothills e haviam corpos por todo o lado. Cerca de trinta, contando humanos, norns e sylvari.
-”Não me lembro de encontrar sylvaris dentre aqueles que me perseguiam.”
O charr pigarreou e cuspiu ao ver os cadáveres -”Provavelmente devem ser recém acordados em busca de aventura ou tolos que caíram na promessa de alguma coisa, de qualquer forma... Eu não esperava tantos...”
Fyon olhou em volta cheirando o ar a procura de algo. Antes que pudesse achar algo, os dez que os perseguiam finalmente os alcançaram.
-”Fyon, acho que você deve deixar isso para depois...”, Artúria sacou a espada curta. Ela não iria arriscar danificar a espada de duas mãos em uma luta assim.
Antes que Fyon pudesse responder, uma sombra passo por eles e saltou na direção dos recém chegados. Artúria viu de relance que era um charr também.
-”Hm. Elexus ainda não cansou... Melhor se apressar Artúria, ou ela vai acabar com aqueles dez também.” Fyon sacou suas armas e correu na direção dos inimigos. Sem perder um momento, Artúria seguiu junto e mergulhou no combate.
Usando toda sua perícia e lutando com graça, Artúria desarmava seus oponentes e depois aplicava um golpe preciso no peito ou um corte profundo no pescoço. Dos dez, três caíram pelos golpes dela. Os charr lutavam com ferocidade e fúria. Não havia o menor resquício de elegância em seu modo de combate, mas era efetivo. Após o combate, Fyon foi até a outra charr que lutou junto deles.
-”Elexus, o que aconteceu aqui? Não deveriam haver tantos assim.”
A charr cuspiu com desgosto e rosnou baixo -”Originalmente só haviam cinco, mas a cada meia hora chegavam mais cinco. Eu não podia deixa-los passar, então ataquei todos. Mas já enfrentamos coisas piores Fyon, por que a preocupação?”.
-”Você parou para pensar que talvez eles não fossem inimigos?”, Artúria interviu. Ela viu Elexus à analisar da cabeça aos pés com um olhar cerrado. Em seguida ela soltou um breve suspiro antes de responder.
-”Se eu parasse para analisar antes de lutar, eu perderia a iniciativa e iria lutar em desvantagem. Talvez isso apazigúe sua consciência...”, a charr jogou diversos símbolos da Lion's Arc aos pés de Artúria. Uma breve olhada indicava que eram todos falsos.
-”Todos que carregam esses emblemas falsos tem um odor estranho. Algo não natural.”, Fyon respondeu enquanto olhava os emblemas.
-”Sim. Isso os deixa óbvios em relação aos viajantes normais que cruzam as estradas. Mas acho que nossa jovem humana aqui não vai dar crédito a isso vai?”.
-”Não vou questionar o seu olfato. Eu não consigo discernir o odor dos inimigos, mas não duvido que seu olfato seja melhor que o meu e que você consiga fazer isso.”.
-”Hm. Ao menos você tem uma cabeça aberta. Talvez seja por isso que Andyrium não nos mandou trazê-la a força. Eu sou sua escolta daqui para frente. Nós iremos até Diessa para esperar Andyrium e Euryale.
- Spoiler:
- Artúria, Fyon e Elexus estavam em Moorwatch Tower, que era bem próxima do centro de Diessa Plateau. Enquanto aguardavam, os três ponderavam seu próximo destino e tentavam analisar a situação. Artúria não dizia nada além do mais absoluto e necessário. Ela iria só iria mencionar algo de relevância depois que tivesse questionado Andyrium, e isso causava um certo problema para Fyon e Elexus, já que havias problemas em planejar uma rota se não se sabe para onde vai.
-”Eu mesmo não sei para onde vamos”, Artúria começou, tentando demonstrar empatia -”Vai depender mais do que Andyrium quer e se ele vai me levar para a cidadela Negra.”.
-”Improvável.”, Fyon interrompeu -”O tribune provavelmente quer você fora da cidade para evitar problemas. Isso iria levantar questionamentos demais da Ash Legion.”.
Os três olharam sem esperança novamente para o mapa das terras dos charr. E deram um suspiro alto.
Cerca de quatro horas depois, Andyrium seguido por uma charr de aparência mal humorada chegaram a torre e se encontraram com o grupo de Artúria.
-”Sabe de uma coisa? Eu odeio o fato de eu e você sempre tirarmos a carta ruim do baralho de oportunidades.”, a charr recém chegada reclamou enquanto olhava para Andyrium -”Primeiro tem aquele assunto de chegarmos atrasados no Quarry por causa de 'circunstancias adversas', depois disso temos de ficar de babá para uma humana. Ai nós temos que ENCONTRAR a humana de novo sem qualquer pista, e agora nós temos que bancar de babá de novo!”.
-“Bem humorada como sempre hm? Você deveria sorrir mais Euryale!”, Elexus respondeu jocosamente.
-”Ora, mas eu ESTOU sorrindo!”, Euryale respondeu mostrando as presas. Andyrium estava mais ocupado com um odre de água. Após acabar com sua sede, ele se virou para Euryale e Elexus, que agora trocavam farpas.
-”Euryale, você deve se lembrar que precisa do bando vivo, então tente pegar um pouco mais leve. Fico com pena do seus futuros subordinados.”, Andyrium escondeu uma risada cansada antes de se virar para Artúria.
-”Nos encontramos novamente senhorita. E foi mais cedo do que eu imaginei.”, Andyrium se sentou a mesa onde Artúria e Fyon estavam olhando o mapa. Elexus e Euryale haviam saído e estavam trocando farpas longe da conversa.
-”De fato. Eu não pretendia voltar aqui a menos que me obrigasse, mas os Seis traçam um caminho obscuro. Devo dizer que fiquei surpresa e gostaria de saber como conseguiu me encontrar.”, essa pergunta de Artúria tinha um questionamento mais sério por baixo. Se Andyrium soubesse de alguma coisa, significaria que ele vasculhou as coisas dela da outra vez em que ela esteve em Diessa, e isso não inspirava muita confiança.
O charr fez uma breve pausa ao ouvir a pergunta. Após alguns momentos ele olhou nos olhos de Artúria e respondeu -”Simples. Quando entrei no quarto em que você estava dormindo, durante os momentos em que estava acordada, eu tive alguns vislumbres do que os documentos que carregava com você eram. A maior parte continha escrita diferente da escrita comum e dado os documentos em volta do manuscrito 'original', eu presumi que você estava fazendo uma tradução ou uma transcrição. Não sou tão brilhante a ponto de deduzir as suas circunstancias ou por que uma guerreira do seu calibre estava com uma tarefa dessas, mas depois disso não foi difícil imaginar o seu trajeto. Imaginando que talvez você não seja versada nas escritas das outras raças, você iria atrás de algum dicionário ou de alguém que pudesse traduzi-las para você.”.
-”Mas isso deixa um leque muito aberto. Eu poderia ter ido para os asuras ou para os sylvaris...”, a resposta saiu mais tonta do que Artúria gostaria. Mas ela não podia deixar de sentir que alguma coisa estava errada -”Me responda, por que você tomou tanto interesse assim em mim?”.
-”Vou responder sua pergunta antes da sua indagação. Tente ver pelo meu ponto de vista: uma pessoa de outra raça sendo seguida por quase um batalhão inteiro e que carrega consigo um monte de documentos, aparece e se envolve em uma briga de charrs que não tem nada a ver com ela. A história não faz muito sentido certo? Além do fato que você não é uma copiadora para andar com tantos documentos. Você é uma guerreira e líder de guerreiros. Após nossa partida da última vez, fui informado que você faz parte da Order of Whisperers. A partir daí eu pude tirar algumas conclusões, mas a história ainda não fechava. Portanto o interesse. Quanto a como te encontrei... Foi uma aposta na verdade. Você teria de passar por Hoelbrak se estivesse a caminho do sul, e você chama a atenção onde passa..”
-”Ouvir isso de um charr certamente me faz duvidar das minhas capacidades de ser furtiva.”, Artúria comentou um pouco irritada.
-”Deixe-me mudar a frase então. Para olhos treinados você chama a atenção. Você não anda como uma camponesa. Você marchar de maneira eficiente e mesmo sob a capa é possível ver que você mantém as armas a mão para qualquer eventualidade, isso é sinal de experiência. Qualquer bandido de estrada que tenha o mínimo de experiência não se meteria com você por que você possui uma aura feroz e intimidadora. Dito isso, suas características são bem únicas do ponto de vista de um charr, então não foi difícil estipular um “desenho” seu que pessoas com um pouco de mais senso, como um taberneiro, pudessem distinguir. Mas claro, se você tivesse ido pelo norte e não passado por Hoelbrak, eu teria bem mais dificuldades e provavelmente ainda estaria te procurando.”
Artúria não teve resposta. Olhando nos eventos passados, ela conseguiu ver as inconsistências que o charr apontou. Com isso em mente, agora ela sabia que devia tomar cuidado com o que fosse falar.
- Spoiler:
- -”Então, agora que eu estou com você, o que fará?”, a pergunta de Artúria tinha um tom mais hostil do que deveria, dado o momento. Ela sabia que iria ser levada perante o tribune que dava ordens a Andyrium por que Fyon lhe disse, mas ela queria saber se havia algo mais.
-”Você está sendo mais defensiva que o necessário senhorita. O tribune não ira lhe torturar nem lhe fazer algo que viole sua integridade física ou mental. Ele apenas precisa de algumas respostas. Alias, devo dizer que, dependendo do que você disser, você receberá nossa ajuda.”, Andyrium tinha um tom cansado na voz, como se estivesse lidando com uma situação espinhosa.
-”E por que essa boa vontade toda?”, a desconfiança de Artúria era bem fundamentada. Ela não se recordava de ter feito algo realmente relevante assim.
-”Em primeiro lugar por que eu falei bem de você e de suas habilidades. Em segundo que, após descobrirmos a sua filiação, não foi difícil imaginar que os seus objetivos estavam mirados em algo importante e que, isso já é especulação minha, seja para o bem de Tyria.”, Andyrium encarou profundamente os olhos de Artúria, mas ela não sabia o que ele procurava.
-”De qualquer forma, temos de ir falar com o tribune. Você precisa traduzir a parte do documento que está escrita com as nossas marcas correto? Então o melhor lugar para fazer isso é na cidadela.”, Fyon interviu na conversa e propôs que eles se movessem logo.
Os dois acenaram positivamente e se levantaram. Ao chegar na saída, Elexus e Euryale se juntaram ao grupo, mas não havia hostilidade entre elas, apesar de parecer claro que elas estavam mentalmente cansadas.
O grupo seguiu para o sudoeste, onde a grande cidadela negra do charrs arranhava o céu. Custou cerca de duas horas de viagem, e quando eles chegaram já estava no fim da tarde.
-”Seria ideal aguardarmos até o amanhecer para falar com o tribune. Tenho a impressão que a conversa há de levar muito tempo.”, Andyrium disse enquanto o grupo passava pelos portões negros.
O grupo se separou. Andyrium e Artúria seguiram para uma estalagem enquanto os demais voltaram para onde normalmente eles passam a noite quando estão sem ordens. A razão para isso, segundo Andyrium, era que dali para frente, apenas ele havia sido ordenado a acompanhar Artúria. Além disso, ele achava mais eficiente se ele a guiasse pela cidadela.
Na manhã seguinte, após um breve desjejum, os dois escalaram as estradas de ferro até o Imperator's Core onde o tribune aguardava. Ao entrarem no pequeno escritório, Artúria olhou em volta e viu milhares de documentos, mapas e uma infinidade de anotações.
-”Tribune, eu trago comigo a jovem humana que estava envolvida nos acontecimentos recentes.”, Andyrium tinha um tom respeitoso e havia batido uma espécie de continência.
-”Relaxe Andyrium, tudo o que sair desta conversa será extra-oficial. Seu nome é Artúria Pèndrágön correto? Lembro-me de ouvi-la durante a campanha contra Zhaitan.”, o tribune Rytlock Brimstone ergueu sua cabeça e olhou Artúria nos olhos.
-”Sim. Eu estava presente e participei da luta contra Zhaitan. Gostaria de saber o motivo da minha convocação.”, Artúria devolveu o olhar direto ao charr.
-”Bom, serei direto então. Eu acredito que você está em uma busca comissionada com o objetivo de encontrar algum tipo de artefato antigo. Eu gostaria de saber que artefato é esse e no que seu poder será utilizado.”, as palavras vieram certeiras e precisas.
Artúria começou a pensar com seriedade no que responder. Ela não sabia quais informações Rytlock tinha para tirar aquelas conclusões. Mentir seria problemático, mas ela não podia revelar tudo, devido a probabilidade dos charr tentaram intervir em sua busca. Talvez fosse mais prudente usar a ideia de que era uma busca atrás de uma lenda para desencorajar uma intervenção... Mas como ela iria explicar isso de forma convincente? Dificilmente os charrs iriam acreditar que ela fora enviada sozinha atrás de uma lenda sem base nenhuma. Na cabeça deles, era provável que, se uma guerreira poderosa como ela foi arrancada das linhas de frente do combate aos dragões para uma busca dessa, deveria haver um motivação muito boa e bem fundamentada. Os charr eram guerreiros e pragmáticos com relação a eficiência, então o que ela fosse falar, deveria ter um bom fundamento.
Nesse momento, Artúria disse que sua história até aquele momento era o oposto disso tudo na verdade. O fato de estar correndo atrás de um fantasma por motivação pessoal apenas com uma “autorização” de seus superiores não tinha lógica alguma. Pensando objetivamente, devia haver algo a mais nisso tudo, por que era improvável que quisessem tirar ela da luta, mas talvez estivessem esperando que ela fizesse alguma descoberta incrível, afinal, ela tinha de fato algumas conquistas dignas de reconhecimento... Ou talvez queriam ela longe, mas por que motivo?
As perguntas na mente de Artúria estavam a deixando cada vez mais ansiosa, e Rytlock esperava uma resposta. Talvez fosse correto deixa-lo a par de algumas coisas. De fato, se eles soubessem que se tratava de uma busca “tola” talvez isso os fizesse baixar a guarda com ela.
-”Tribune Rytlock, você não está errado em pensar que eu estou em uma busca de um artefato, mas também não está correto. Eu estou em uma busca solitária atrás de um fantasma deixado para trás pelos meus pais.”.
-”Ho... Uma busca atrás de um tesouro de seus pais eh? Andyrium, a garota tem mais similaridades com você do que você mesmo disse!”, o tribune soltou uma breve risada antes de voltar a ter a postura séria -”Estou ouvindo jovem Artúria. Saiba que eu tenho um histórico com fantasmas humanos. Não é um conto muito bom, mas acho que eu posso dizer que tenho conhecimento no assunto. Afinal, estive matando fantasmas em Ascalon a muito tempo.”.
Última edição por Surlan em 16/2/2016, 2:03 pm, editado 15 vez(es)