Bom... Primeiramente, me "desculpem" por essa desaparecida repentina, estive na praia e vcs já sabem... Outra: Não ando postando a BZBC por alguns motivos:
- Falta de inspiração nas horas de escrever.
- A falta de leitores é algo que raramente me atinge, mas dessa vez atingiu, e é algo foda, os escritores daqui sabem como é isso.
- Problemas emocionais devidos ao meu defeito mortal, ser apegado DEMAIS às pessoas.
Enfim, chega de falar dos meus problemas, vamos ao que interessa:
Título: O Reino de Nápol
Gênero: Ação, Romance, Aventura
Classificação Etária: 16+ (ninguém respeita isso, mas...)
Antes de começar a leitura: Essa estória foi feita em homenagem à uma pessoa muito especial pra mim, a qual NENHUM de vocês conhece, pelo menos pessoalmente, tenho certeza. Em tempo, QUALQUER REFERÊNCIA A QUALQUER COISA FICOU BEM ÓBVIA, eu sei.
Em síntese: Sim, eu sou o Richard e sim, a Dalliah é a tal pessoa especial, e antes que eu me esqueça: ESSA JOÇA NÃO PEGA TRAVESSÃO, VAI SE FUDER. TAVA TUDO ARRUMADINHO, CARALHO. BOA LEITURA, PORRA.
- Falta de inspiração nas horas de escrever.
- A falta de leitores é algo que raramente me atinge, mas dessa vez atingiu, e é algo foda, os escritores daqui sabem como é isso.
- Problemas emocionais devidos ao meu defeito mortal, ser apegado DEMAIS às pessoas.
Enfim, chega de falar dos meus problemas, vamos ao que interessa:
Título: O Reino de Nápol
Gênero: Ação, Romance, Aventura
Classificação Etária: 16+ (ninguém respeita isso, mas...)
Antes de começar a leitura: Essa estória foi feita em homenagem à uma pessoa muito especial pra mim, a qual NENHUM de vocês conhece, pelo menos pessoalmente, tenho certeza. Em tempo, QUALQUER REFERÊNCIA A QUALQUER COISA FICOU BEM ÓBVIA, eu sei.
- Spoiler:
- Prólogo
Alfred estava observando o luar, sentado na sala, enquanto seu filho Richard dormia após outro dia de treino com a espada. Ver o filho assim fez Alfred recordar o tempo em que era um membro da Guarda Real, e também do dia em que Richard nascera. Naquela época, Alfred morava nos arredores do castelo, protegendo o Rei dia e noite. Quando estava de folga, ia para sua casa, onde sempre encontrava Lanna, sua noiva, sentada junto a maquina de fiar, tecendo um grande vestido.
- Você acha que está bom assim? Quero usar ele no dia do nosso casamento – Disse Lanna, sorridente. Alfred adorava aquele sorriso, adorava como ela era sempre amável. Tinha cabelos castanhos, olhos cor de mel e uma pele clara combinando com suas curvas, leves e doces.
- Claro, querida, mas você sabe que não podemos casar aqui, não é? Meus irmãos não podem saber que eu quebrei o juramento e...
- Ah Alfred, pare com isso... eles não são seus irmãos. A única família que você tem é comigo, e logo teremos mais um, aí fugiremos para bem longe. – Disse Lanna, sorridente. Ela tem razão, pensou Alfred. Fazia nove meses desde que ele plantara sua semente nela, e seu filho estava quase para vir.
- Então, como você está indo?
- Bem. Ele chuta um pouco, mas estou bem.
- Será um grande cavaleiro.
- Como você. – Disse Lanna, sorrindo. – Bom, vamos? Hoje fiz seu prato favorito!
Alfred sorriu, dirigindo-se ao seu quarto para retirar a cota de malha. Após a janta, foram para fora, a fim de conversar mais sobre o bebê que estava para vir. Lanna estava certa de que era um menino, pois tinha conversado com o curandeiro da região. Horas se passaram até que Alfred foi para cama, pois tinha que acordar antes da primeira luz do dia. Ao despertar, deu um leve beijo na testa de Lanna, com cuidado para não acordá-la. Já fora de casa, montou em seu cavalo e disparou para o castelo, passando por vales verdejantes, com sua espada pendendo nas suas costas. Chegando no portão principal, foi saudado por seus colegas, que o ajudaram a desmontar, lhe indicando a sala de armamentos para que ele pudesse se vestir adequadamente. Já usando a armadura completa, Alfred foi para o salão principal, onde o Rei lia alguns papéis e falava com o Mestre da Moeda sobre os gastos do reino. Notando a presença de Alfred, o Rei fez um sinal com a mão para que o Mestre da Moeda fosse embora.
- Sor Alfred, tenha a bondade de sentar-se.
- Vossa graça?
- Sente-se, tenho assuntos pendentes com você. Deixem-nos a sós. – Disse o Rei para os guardas, que saíram rapidamente.
- Então, Sor Alfred, você é um membro da minha Guarda Real, certo?
- Sim, vossa graça.
- Você prestou um juramento, certo?
- Sim, vossa graça.
- Esse juramento diz que você não pode tomar uma esposa nem gerar filhos, certo?
Ele descobriu, pensou Alfred. Como? Poderia ele ter sido seguido por alguém? Talvez alguma das amigas de Lanna...
- Certo? – Disse o Rei, com um tom mais alto, sério.
- Vossa graça, eu posso...
- Explicar por que você quebrou o juramento? Não gaste suas preciosas palavras com isso, Sor Alfred. Já tomei as providências necessárias, alguns dos seus irmãos já estão cuidando da sua amada. – Disse o Rei, divertindo-se.
- Você não ouse tocar na minha família... – Disse Alfred, enfurecido.
- Meu bom Sor Alfred, não se preocupe. Seu filho não sofrerá nenhum dano, mas quanto à sua mulher... como é mesmo o nome dela?
- Lanna...
- Isso, Lanna... quanto a Lanna, não posso dizer o mesmo. – Disse o Rei, abrindo um sorriso. Alfred levantou-se, furioso, deixando a cadeira cair com um estrondo.
- Não ouse tocar um dedo nela!
- Posso dar-lhe minha palavra quanto a isso, mas os guardas...
- Muito bem... – Disse Alfred, desembainhando a espada nas suas costas. – Eu quebrei o juramento, certo?
- Você não ousaria...
- Eu quebrei o juramento, tomei uma esposa, e ela vai gerar um filho meu, então não posso mais ser um membro da Guarda Real, certo? – Alfred já tinha a espada no peito do Rei, com sua luz verde reluzindo em sua coroa.
- Você não pode matar o rei! Não sairia vivo daqui!
- Vejamos. – Com um gesto de ira, Alfred empurrou toda sua força no peito do rei. Seu sangue real escorria com um ferimento profundo, que por pouco não atravessou seu trono. Os guardas abriram a porta no mesmo instante. Eles me ouviram desembainhar a espada, pensou Alfred.
- Mas o que... – Disse um deles, horrorizado.
- Regicida! – Disse outro, avançando contra Alfred.
Eu vou sair daqui vivo, tenho que proteger Lanna. Fazendo um arco com a espada, Alfred matou o homem, virando-se para o resto deles, que enchiam o salão. Vinte, contou. Não, trinta... cada vez chegam mais deles, como vou sair daqui? Subitamente, lembrou-se do que seu pai dissera quando he deu sua espada: “Alfred, o poder dessa espada não consiste na força do seu braço, e sim na força do seu coração. Lembre-se disso, ela pode ser sua salvação nas horas mais impossíveis...” Agora a lâmina brilhava, as runas emitindo uma forte luz verde. Estou louco, pensou. Se eu fizer isso, morro, mas que escolha eu tenho? A essa altura, os guardas já estavam a um metro de Alfred, que, com um movimento rápido, enterrou sua espada quase por completo no piso de mármore. Uma intensa luz verde encheu o salão principal, e Alfred ficou cego por alguns segundos. Quando sua visão voltou, sua espada estava quebrada, e todos os guardas estavam no chão, desmaiados. Alfred não pensou duas vezes, saiu correndo pela escada principal e disparou para o portão, dando de cara com alguns guardas, que diziam qualquer coisa antes de se encontrarem com sua lâmina quebrada, sedenta por sangue. Seu cavalo o esperava no estábulo, guardado por dois homens, que Alfred eliminou rapidamente. Ele estava se cansando, mas não deixaria Lanna sozinha, não deixaria sua família morrer. Quando chegou perto de casa, avistou de longe um guarda na porta, parado. Ele desembainhou sua espada, mas Alfred incitou o cavalo a seguir em frente, atropelando o guarda. Ouvindo o estrondo, outros dois apareceram, e Alfred pulou do cavalo, matando um deles com uma estocada. Estava prestes a acabar com o último quando ouviu um grito de criança vindo de dentro de casa. Lanna, pensou Alfred. Ela deve estar viva, meu filho nasceu. Matando o último guarda, Alfred entrou na casa, deparando-se com a pior cena que já vira: As amigas de Lanna estavam jogadas pela sala, nuas em uma poça de sangue, moribundas. No seu quarto, Lanna jazia na cama, também morta, com seu filho recém-nascido nos braços. Um homem velho encapuzado estava junto a ela, o curandeiro que Lanna havia pago para fazer o parto.
- Senhor, não consegui evitar... mil desculpas... – Disse o curandeiro, assustado - Os guardas vieram e.... as mulheres... você precisa sair daqui o quanto antes, eles irão caçá-lo!
- Como você conseguiu escapar?
- Eu me... escondi...
- Dê-me a criança, eu cuidarei dela.
O curandeiro limpou o sangue restante da criança e a enrolou em um cobertor que Lanna havia preparado. Antes de Alfred sair, perguntou:
- O que ela disse antes de morrer?
- O nome do filho... Richard.
- Obrigado, que os Deuses o abençoem. – Disse Alfred, embainhando a espada, pegando o bebê e saindo de casa rapidamente, galopando para longe dali com seu filho.
Foi um dia feliz e triste ao mesmo tempo, pensou Alfred. Agora preciso dormir. Porém, ao deitar na cama, Alfred ouviu um barulho na porta, o sinal de que sua fuga chegara ao fim.Capítulo Único
O sol ardente batia nas costas do jovem enquanto ele galopava, sem rumo. Estivera assim há dias, desde que fora embora de seu pai, a fim de construir seu futuro. Mantinha nas costas um oleado no qual mantinha sua única recordação: Uma lâmina quebrada, vinte centímetros de largura e meio metro de comprimento, forjada com aço e fortificada com runas. Mesmo assim, poderia partir um homem em dois com a mesma facilidade que uma lâmina inteira, seu pai dissera, pois ele mesmo tinha feito isso várias e várias vezes, uma vez que fora um membro da Guarda Real do reino onde nascera. O jovem ainda mantinha aquela conversa na cabeça, enquanto tentava achar um rumo para sua vida. “Richard” disse o pai, “eu não posso mais me esconder, você tem que fugir daqui e levar minha espada, somente assim eles irão nos deixar em paz. Lembre-se, confie em sua lâmina, pois ela será sua salvação no momento em que você mais precisar. Agora vá, leve meu cavalo, você é a única pessoa que me resta, filho.”. Preciso esquecer isso, disse Richard a si mesmo, preciso de uma nova vida, preciso viver. Após dias cavalgando sobre vales verdejantes e estradas de barro marcadas por carroças e ferraduras, Richard avistou de longe um viajante, e logo pôs seu cavalo a trote rápido, a fim de ver se poderia arranjar alguma companhia. Um ferreiro cairia bem, pensou, se bem que ele não gostaria que um ferreiro examinasse sua espada. O viajante trajava um grande sobretudo, com um capuz que cobria sua cabeça e mantinha um ritmo lento, mas contínuo. Quando ficaram finalmente lado a lado, o viajante se assustou, e antes que Richard pudesse se desculpar, o viajante disse:
- Meu Deus! Quem você pensa que é para chegar do nada assim?
- Ah, me desculpe... Meu nome é Richard.
- O que você quer?
- Um momento... me desculpe, mas por acaso você é... uma mulher?
Quando o viajante baixou o capuz, o coração de Richard quase parou. Aquele sobretudo estava escondendo a mulher mais vislumbrante que ele já tinha visto. Possuía cabelos longos, negros como a noite, que desciam até a altura do ombro. Suas feições eram delicadas e únicas, uma beleza que era praticamente incomparável, o suficiente para deixar qualquer homem sem palavras. Richard levou alguns segundos para se recompor do melhor jeito que pode, mas antes que pudesse abrir a boca, a viajante continuou a falar:
- Sim, eu sou, e você vai ficar aí parado até quando? Vamos, garoto, diga-me o que você quer!
- Eu... só estava pensando se... eu poderia acompanhar você até...
- Me acompanhar? – A viajante soltou uma gargalhada. – O que você pode me oferecer? Aposto que um garoto como você não consegue nem tirar a espada da bainha.
- Eu posso te proteger. – Disse Richard, com um tom firme. Ao ouvir isso, a viajante riu ainda mais.
- Me proteger? Hah! Vamos ver então, cavaleiro, mostre-me sua espada.
Richard desmontou do cavalo e desenrolou seu oleado, empunhando sua espada. A viajante observou a lâmina por tempo suficiente para tirar a conclusão que todos faziam, como sempre.
- Mas o que é isso, uma espada quebrada? Espera me defender empunhando isto? Até meu punhal deve ser mais longo do que sua lâmina, garoto. Adeus, Richard... espero que se dê bem com sua... adaga. – A viajante pôs seu cavalo em um trote rápido, deixando Richard ali, parado. Ela cavalgou por alguns metros, até que foi subitamente parada por um grupo de homens esfarrapados, armados com clavas e espadas. Eles estavam escondidos nos arbustos o tempo todo, esperando o momento certo para atacar. Eram cinco ao todo, mais o líder, contou Richard, que corria para alcançá-los, com a espada na mão. Mesmo de longe, conseguia ouvir a discussão:
- Quem são vocês? Saiam do meu caminho! – Disse a viajante, irritada. Parecia não perceber o perigo, pois sua voz não continha nenhum tom a não ser o do ódio.
- Hah, o que temos aqui... uma donzela? – Disse um dos forasteiros. – Munch, tire o cavalo dela, eu cuido do resto.
Aquele que se chamava Munch desmontou, indo em direção a viajante, que permaneceu imóvel até o momento em que o forasteiro colocou a mão em seu cavalo. Em uma fração de segundo, ela decepou a mão de Munch com um movimento rápido de seu punhal, escondido no seu sobretudo. Sentindo o cheiro do sangue, os cavalos dos forasteiros enlouqueceram, caindo por cima de dois deles. Munch ficou paralisado, como se não acreditasse no que acabara de acontecer, mas logo caiu, desmaiado. Vendo que seu plano tinha falhado, o líder dos forasteiros desmontou de seu cavalo, indo em direção a ela, junto com o resto do seu bando. Richard chegou quando os forasteiros estavam frente a frente com ela, e antes que eles dessem mais um passo, interpôs-se no caminho.
- Isso é o mais longe que vocês chegarão perto dela. – Disse Richard.
- Tá brincando comigo? Rapaz, essa coisa ai tá quebrada, você não vai conseguir nem ganhar do Munch ali com uma mão usando essa merda aí. Rápido, sai do caminho antes que eu te mate. – Os dois capangas riram do comentário, mas o líder pareceu nervoso ao ver as runas escritas na lâmina.
- Uma espada quebrada é mais do que o suficiente para tipos como vocês, vagabundos de estrada. Venha, maldito, nenhum de vocês irá sair vivo daqui hoje.
O líder avançou com ferocidade, gritando “bastardo!” enquanto puxava sua espada da bainha. Richard instintivamente empurrou levemente a viajante para trás, para poder se esquivar da estocada sem machucá-la. Frustrado com a falha, o líder investiu de novo, dessa vez com um golpe lateral, que Richard defendeu, colocando sua lâmina entre os dois. Ele não tem chance, pensou Richard. Ele mal consegue empunhar a espada, e o material dela não é bom. Usando o peso da lâmina, Richard desceu sua espada até o solo e partiu a espada do líder em duas, com facilidade. Ele esperou o líder se recuperar do tombo que sofrera para começar a falar.
- Bom, acho que “essa merda” aqui, se mostrou mais potente do que sua lâmina. – Disse Richard, percebendo que o líder estava acabado.
- Bastardo... você vai pagar por isso! Lenny! Matt!
O silêncio fora ensurdecedor. O líder pensou que seus capangas tinham fugido, mas estavam todos caídos, mortos. De um relance, percebeu o que tinha acontecido: A viajante tinha se esgueirado por trás deles e os eliminado com o punhal, menos Munch, que ainda estava desmaiado. Com um grunhido, deu meia volta, preparando-se para fugir, mas antes que pudesse pensar em correr, a lâmina de Richard atravessou sua barriga.
- Eu disse que ninguém sairia vivo daqui, seu verme.
Após a batalha, a viajante preparava-se para ir embora, mas Richard ainda precisava saber mais. Eu preciso saber quem ela é, pensou Richard. Preciso dela.
- Então – Disse Richard. – No fim das contas minha espada serve para algo!
- É... no fim das contas você sabe algo...
- Bom, acho que começamos meio mal. – Disse Richard, estendendo a mão. – Bom dia, senhorita, qual é seu nome? – A viajante hesitou, mas por fim, disse:
- Dalliah. – Disse, apertando a mão de Richard.
- Um belo nome... de onde você vem, Dalliah?
- Porquê você quer saber? Ah, tanto faz. Eu morava no reino de...
- Princesa Dalliah, terceira de seu nome, herdeira legítima do reino de Ellios. Enfim encontramos você – Disse uma voz desconhecida. Quando Richard se virou, deparou-se com cinco cavaleiros, usando armaduras verde-escuro que ostentavam uma águia no peito.
- Quem são vocês, e o que querem comigo? Como sabem meu nome?
- O rei de Aetós quer propor um banquete em homenagem a vossa alteza.
- Eu não vou a lugar algum! – Disse Dalliah, irritada. – Também não quero conhecer esse tal rei, e não vou virar uma princesinha qualquer em um castelo brincando de ser feliz de novo.
- Desculpe-me, mas esse convite não é recusável. Tenha a bondade de se juntar a nós, ou seremos obrigados a usar levá-la a força.
- Ninguém vai levá-la a lugar nenhum, se ela não quiser. – Disse Richard, desembainhando sua espada de novo.
- Calado, plebeu. – Disse um dos guardas. – Esse assunto não cabe à gente como você. Além do mais, você é um garoto usando uma espada quebrada, nós somos cinco cavaleiros reais, armados de arcos e espadas inteiras. Siga seu caminho, se não quiser morrer.
- O último homem que insultou minha espada está ali no chão, morto. Quer se juntar a ele?
- Hah, vocês ouviram isso? – Disse o guarda, rindo. – Escute bem, garoto, esse é o seu último aviso, suma daqui antes que eu perca a paciência.
Tomado pela fúria, Richard avançou. Em uma questão de segundos, estava caído no chão, e Dalliah gritava seu nome. Com uma dor intensa no peito, Richard percebeu a burrice que tinha feito. Arcos e espadas... um deles me acertou com uma de suas malditas flechas, pensou Richard. Enquanto sua visão escurecia, viu os guardas levarem Dalliah a força. Tentou se levantar, mas era como se uma pedra estivesse o impedindo. Seu último pensamento foi para Dalliah, antes de desabar.
Quando Richard acordou, estava com um curativo no peito, coberto por tecidos diversos, e havia uma mão em sua cabeça. De relance, viu que um homem velho recitava versos de algo que Richard não compreendia. Ao ver que ele estava acordado, o velho parou o que estava fazendo e disse:
- Finalmente acordou, jovem guerreiro.
- Quem é você? Onde eu estou?
- Eu sou Jon, e você está na floresta, não muito longe de onde eu o encontrei, mas agora está em segurança.
- Onde está a minha espada? O que você fez com meu cavalo?
- Paciência, jovem guerreiro. Seus pertences estão seguros e intactos. Uma bela lâmina, devo dizer. Mesmo quebrada, posso ver o poder que emana dela, e de você também. Deve estar com fome, depois de dormir por tanto tempo. Quer comer?
- Por quanto tempo eu...
- Dois dias. Teria dormido por toda eternidade, se eu não tivesse retirado a flecha rapidamente.
- Muito obrigado, senhor, devo-lhe minha vida. – Disse Richard, observando o velho. Ele vestia-se como um padre, embora suas roupas estivessem um pouco sujas. Tinha um pouco de cabelo restante, tirando sua longa barba branca, e seu rosto era marcado levemente pelos traços da idade. Richard aceitou a comida, e após alguns instantes, os dois estavam em volta da fogueira, comendo. O lugar onde estava era simples, um pequeno acampamento onde havia somente uma tenda onde Richard tinha dormido e uma cama improvisada, em frente à fogueira. O cavalo de Richard encontrava-se ao lado da tenda, observando-os e comendo grama.
- Por que você está aqui, Jon? – Perguntou Richard, curioso.
- Estou indo para outra cidade, prestar serviços como septão. Diga-me, jovem guerreiro, o que pretende fazer quando melhorar?
- Eu preciso ir chegar ao reino de Aetós, para falar com o rei.
- Soube que ele está à procura de uma noiva para ser sua rainha, mas por que você quer falar com ele?
- Um momento. O rei está procurando alguém para ser sua rainha?
- Exatamente. – Disse o velho. Dalliah, pensou Richard. Era por isso que ele queria fazer um banquete..
- Senhor, – Disse Richard, levantando-se. – muito obrigado, mas eu tenho que ir embora.
- Você não pode ir agora, está muito fraco!
- Eu vou ficar bem, não se preocupe comigo. - Porém, após dar um passo, Richard cambaleou. Teria dado de cara com o chão, se Jon não fosse rápido o suficiente.
- Está vendo? Você ainda não está pronto para ir embora! Precisa descansar, deite-se um pouco, preciso ver seu ferimento. – Richard obedeceu, indo até a tenda. No instante que fechou os olhos, começou a sonhar com várias coisas, incluindo principalmente Dalliah. Quando acordou de novo já era dia, e Richard sentia-se revigorado. Ao sair da tenda, Jon encontrava-se alimentando o cavalo. Percebendo a presença de Richard, Jon virou-se, sorridente.
- Ah, vejo que está muito melhor!
- Sim, estou mais... disposto... O que você fez?
- Canções élficas. O melhor ritual medicinal que conheço, e vejo que funcionou...
- Bom... eu agradeço muito por tudo, mas... Eu preciso ir agora...
- Resgatar Dalliah.
- Como você sabe? – Perguntou Richard, surpreso.
- Você sonha alto, jovem. Perdi a conta de quantas vezes você falou o nome dessa garota enquanto dormia. – Respondeu Jon. Ao ouvir isso, Richard sentiu seu rosto ficando vermelho. Após alguns segundos, Richard disse:
- Jon, não sei como lhe recompensar por cuidar tanto de mim e...
- Não preciso de nada além do seu agradecimento, jovem guerreiro. – Disse Jon, sorrindo. – Sou um homem devoto, o trabalho que faço é totalmente voluntário, sem aceitar pagamentos.
- Entendo... A propósito, você não me disse ainda de onde veio.
- Não me reconheceu ainda? Hah, vejo que ninguém lhe contou as histórias sobre Jon Cryover, o Alto Septão de Eien, não é? – Disse Jon. Ouvindo isso, Richard deu um passo para trás. Ele estava diante do septão mais famoso de todos os tempos, Jon Cryover, conhecido por suas canções medicinais que uma vez salvaram o rei de Eien e muitas outras pessoas da morte certa.
- Eu... desculpe-me, senhor, não imaginava que iria ver você em estradas como essa...
- Está tudo bem, não se preocupe com esse tipo de coisa, jovem guerreiro. Agora, você precisa seguir sua jornada. Lembre-se: O amor é a maior fonte de inspiração para pessoas como você.
- Pessoas como eu?
- Você tem um coração forte, garoto, e isso é uma arma poderosa, se usado corretamente. Vejo um grande futuro em você, agora apresse-se, o casamento será hoje, se não me engano. Uma última coisa: Não dê as caras para nenhum guarda dentro do castelo, um deles pode reconhecê-lo.
- Tudo bem. Obrigado por tudo, Jon. – Disse Richard, abraçando o velho e montando no cavalo enquanto pegava sua espada. – Não me esquecerei de você.
- Até logo.
Richard saiu da clareira, voltando a mesma estrada de barro onde tinha caído, e agora conseguia ver um castelo, longe. O reino de Aetós, pensou Richard, é lá que vou encontrar Dalliah. Pôs seu cavalo a correr, pois não tinha nenhum tempo a perder. Já se passava do meio dia quando Richard chegou nos arredores do castelo, onde milhares de tendas e acampamentos estavam espalhados, amontoados de vendedores e viajantes, esperando lucrar com os visitantes que vinham prestigiar o rei. Na frente do portão principal, Richard desmontou do cavalo e colocou sua espada nas costas, a fim de continuar a pé. Deixou sua montaria em um estábulo, pagando o garoto que cuidava dos cavalos com o dinheiro que o pai lhe dera.
- Não se preocupe, volto logo. – Disse Richard ao garoto, correndo em direção à avenida principal.
O lugar estava amontoado de gente, pessoas que chegavam de diversos lugares, fazendo multidões nas ruas. Preciso encontrar Dalliah, pegá-la e sair daqui, pensou Richard, mas como? Observando um guarda, encontrou a resposta. Andando por entre os bazares, Richard pegou um capuz qualquer, deixando algumas moedas no balcão. Entrou em uma esquina qualquer, após pegar sorrateiramente uma faca e um avental de um açougueiro que gritava ofertas às pessoas que passavam. Quando um guarda passou, Richard puxou-o para um beco, cortando-lhe a garganta com a faca e limpando rapidamente o sangue com o avental. Ao tirar a armadura do guarda, ele se parecia exatamente como um deles, tirando o fato de que tinha duas espadas, mas só uma delas importava. A armadura estava fervendo o corpo de Richard, mas mesmo assim ele seguiu, passando despercebido por todos. Entrou facilmente nos arredores do palácio principal, que estava fortemente guardado por aqueles que agora eram seus colegas. Um deles o parou, perguntando-o aonde iria.
- Vou até o lugar da cerimônia, precisamos proteger o rei e a futura rainha a qualquer custo. – Disse Richard, sério.
- Hm, tudo bem. O que é essa coisa nas suas costas?
- Um presente do meu pai, mas não é da sua conta.
- Entendo... Ande logo, a cerimônia está quase começando.
Richard entrou rapidamente no palácio, seguindo os membros da nobreza que ocupavam seus lugares de honra. Dirigiu-se ao lado de um guarda que estava na porta, onde podia ver claramente o rei esperando por sua noiva. Esperou uma hora até que as trombetas soaram, anunciando a chegada da futura rainha. Ela estava deslumbrante, com um vestido branco ornamentado com diamantes que lhe caia até os pés. A respiração de Richard parou no momento em que a viu, e até pensou em levá-la naquele instante, fugir para qualquer lugar, mas tinha que esperar a hora certa. Dalliah caminhou pesadamente até o rei, onde o septão os esperava para dar início a cerimônia. Ela não está feliz, pensou Richard, está fazendo a vontade do rei à força. A cerimônia fora lenta, mas enfim chegara o momento crucial.
- Agora, vamos dar início aos votos de matrimônio. – Disse o septão. – Começamos pelo rei, seguido de sua futura rainha.
- Eu, Khalerian, recebo-te por minha esposa, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida.
- Eu ,Dalliah, recebo-te por meu... esposo... e prometo ser-te fiel... amar-te e respeitar-te... na alegria e na tristeza... na saúde e na doença... todos os dias da nossa... vida.
- Muito bem. – Disse o septão. – Há alguém que se oponha a essa união? Que fale agora ou cale-se para sempre.
- Eu me oponho. – Disse Richard, levantando-se. Todos os olhares voltaram-se para ele, incrédulos. O rei ficara pasmo, como se tivesse levado um soco na barriga.
- Quem é você? – Perguntou o septão.
- Sou Richard, e Dalliah não irá casar com ninguém contra sua vontade, estou aqui para me certificar disso. – Richard podia ver o brilho nos olhos de Dalliah quando ela percebeu o que tinha acontecido, e isso valia por tudo até agora, mas o show estava apenas começando.
- Eu não quero saber quem você é, ou de onde você vem! – Gritou o rei, furioso. – Guardas, prendam esse homem, matem-no se for preciso! – Ao ouvir essas palavras, as pessoas começaram a correr para as portas, e os guardas avançaram para Richard, com as espadas prontas. Ele esperou até que todos saíssem para que fizesse seu movimento, e quando a última mulher saiu, Richard pulou nos bancos e seguiu para o meio do palácio, ficando rodeado por metade da guarda real.
- Está tudo acabado, garoto. Você perdeu, e eu vou ganhar a sua amada bem na sua frente. – Disse o rei.
- Eu posso morrer hoje, mas levarei você comigo, e farei com que sua alma nunca descanse enquanto queima no inferno, seu bastardo.
Ao dizer isso, uma chuva de guardas armados correu para Richard, mas ele desembainhou sua espada, que agora emitia uma luz verde intensa e a levantou, fazendo com que todos parassem. Pai, me dê forças, suplicou Richard, me dê forças para fazer justiça. Ao baixar sua lâmina, viu que ela já não estava mais quebrada, agora ela era uma lâmina inteira com um metro e meio de comprimento, com suas runas brilhando em ambos os lados. Fazendo um arco com a espada, Richard livrou-se dos guardas, fazendo coisas inimagináveis que nunca tinha visto antes. Ondas de vento saiam de sua lâmina, cortando todos que eram atingidos, e percebendo o poder que tinha acabado de ganhar, Richard avançou para o rei, que agora estava pálido, branco como a neve.
- Seu reinado acabou, Khalerian. Está na hora de dar ao povo um rei justo, um rei de verdade. – Disse Richard, antes de atravessar o rei com sua espada. Percebendo que Dalliah ainda permanecia imóvel, Richard pegou sua mão. – Eu disse que iria proteger você, não disse? Agora venha, precisamos sair daqui. A propósito, você está mais linda do que nunca, se me permite.
- Eu... obrigada. – Respondeu Dalliah, como se não acreditasse no que estava acontecendo.
Chegando na porta do palácio, os dois foram parados por mais um grupo de guardas, agora seguidos por um homem que Richard conhecia bem: O homem, comandante dos guardas, era o mesmo que o atingira com a flecha e estava agora empunhando uma espada de duas mãos, quase tão longa quanto a espada de Richard.
- Você fez a pior escolha da sua vida, garoto. Agora vai pagar com sua vida. – Disse o homem, avançando. Richard defendeu-se do primeiro golpe, fazendo as duas espadas se chocarem, aço contra aço. As duas lâminas dançavam, e o comandante era bom, mas não era o suficiente. Com um grito, ele avançou, e o líder tentou defender-se de um golpe frontal, mas ao se encontrar com a lâmina de Richard, as duas se quebraram, criando uma onda de energia colossal que atingiu todos que estavam por perto. Recuperando-se da queda, Richard pegou sua espada, quebrada novamente, e a apontou para o peito do comandante, que arquejava.
- Como você... – Disse o comandante, exausto.
- O poder dessa espada não está na força do meu braço, e sim na força do meu coração, foi isso o que me deu forças para lutar. – Respondeu Richard. – Agora, chegou a sua hora. – Com um movimento rápido, Richard acabou com o comandante, usando a parte mais afiada da lâmina. Vendo que os guardas tinham acabado, Richard pegou a mão de Dalliah e a levou até o estábulo onde seu cavalo se encontrava, sozinho.
- Vamos? – Perguntou Richard.
- Sim, vamos.
O cavalo disparou pela estrada, fazendo com que o castelo ficasse cada vez menor na visão dos dois. Quando já estavam longe os dois desmontaram perto da estrada a fim de descansar, e Dalliah perguntou:
- Por que você veio me buscar? Poderia ter morrido fazendo isso, você sabe.
- Dalliah, desde que eu te vi, não parei de pensar em algo mais a não ser você, e eu não podia deixar que um rei qualquer a tomasse como esposa, fazendo-a prisioneira em um castelo cheio de pessoas que nem ligam para a sua felicidade.
- Richard... você fez tudo isso... por mim... – Disse Dalliah, enchendo os olhos de lágrimas.
- Não, Dalliah. Eu fiz tudo isso por nós. Além do mais, quero-lhe fazer um pedido.
- Pois bem, cavaleiro... faça seu pedido. – Disse Dalliah, recompondo-se.
- Você quer ser minha rainha?
- Mas o que... garoto, você nem tem um castelo, nem é um rei, como espera que eu seja sua rainha?
- Há muitos reinos por aí, podemos construir o nosso próprio, se você quiser.
- Nosso próprio reino. Hah, que ideia idiota.
- A questão é: Você aceita?
- Eu... bem, o que você acha? – Disse Dalliah, atirando-se nos braços de Richard, seguindo de um longo beijo, o que significava o começo de uma nova vida, para ambos.Epílogo
Era noite, mas o garoto insistia para sua mãe que queria ler mais um daqueles livros grandes do seu avô, que continham histórias sobre grandes reinos e impérios.
- Mamãe, o que é aquele livro? – Perguntou o garoto, sorrindo.
- Ah, aquele vermelho?
- Sim!
- Quer que eu o leia para você?
- Sim! Uma última história antes de dormir!
- Muito bem. Ah! Essa história é bem interessante. – Disse a mãe, observando a capa.
- Fala sobre o que, mamãe?
- É uma história cheia de aventura, com cavaleiros, princesas, reis e tudo mais. A história do nosso lar, filho! A história da criação do glorioso reino de Napol, o cavaleiro Richard e a princesa Dalliah que lutaram contra os desafios da vida para poderem viver juntos.
- O meu bisavô se chama Richard, assim como minha bisavó se chama Dalliah! O livro fala sobre eles, não é?
- Não, filho... Isso é somente coincidência, agora ouça. – Disse a mãe, abrindo um sorriso, observando o luar no palácio, sede do reino de Nápol. Uma mentirinha para o garoto dormir mais cedo, pensou ela.
Em síntese: Sim, eu sou o Richard e sim, a Dalliah é a tal pessoa especial, e antes que eu me esqueça: ESSA JOÇA NÃO PEGA TRAVESSÃO, VAI SE FUDER. TAVA TUDO ARRUMADINHO, CARALHO. BOA LEITURA, PORRA.